segunda-feira, 20 de novembro de 2023

ugh

tem um buraquinho em cima da caixa de descarga da privada e essa semana por acaso caiu da trepadeira (que tá emaranhada na janela do banheiro) uma folha, em cima do buraquinho. toda vez que eu dou descarga a folha desce sendo puxada um pouco, e sobe de volta dando umas tremidinhas.

eu não sei se eu queria estar aqui de novo mas cá estou. eu queria escrever umas coisas boas aqui as vezes mas acho que quando a gente tá feliz a gente só quer aproveitar o momento, quando a gente tá tentando ser feliz a gente tá se esforçando muito e esquece de falar sobre o caminho, mas quando a gente desiste é quando as palavras tristes, o peito pesado e a mente nublada aparecem.

hoje em dia eu sei que todo esse pesar é a depressão, que veio se emaranhado na minha vida aos pouquinhos enquanto eu tomava consciência de mim mesma, desde que eu era só uma criança chorona. tem um nome agora né, e teoricamente também tem remédio, mas tem dias que nem com o remédio tem funcionado. é tudo dor e vazio e vontade de ir embora.
eu tento não deixar a peteca cair e até agora eu tô ganhando pq ela caiu tão pouco que deve ultrapassar só um tanto a quantidade de dedos das mãos (e nos pés talvez). tá dando certo, eu sei que tá, os dias de dor eu consigo fingir e fingir ainda é alguma coisa, da quase pra sentir a experiência da coisa verdadeira, da quase pra ir dormir de cabeça tranquila, e da quase pra passar despercebido das pessoas.
ah, pô, eu acho que eu tô mandando bem. vai ficar tudo bem. 
mas pq esse vazio tem que ser tão profundo? tão distante de tudo, é como se eu estivesse anestesiada e a soca que vem não tem força pra me machucar mas os dias quentinhos e tranquilos também não tem mais importância.
eu queria chorar, mas eu acho que eu tô tão anestesiada que chorar pra mim virou uma fantasia, um recurso, não é mais catártico e parece só que eu estou constantemente me furando com uma agulha só pra ver sangue escorrendo, não tem mais sentido, e além de tudo o choro também não explica pras pessoas o quanto aqui dentro tá quebrado e revirado, parece de verdade uma cena, e não transmite a verdade que é só um pouco da dor vazando pra fora.

mas é isso, coisas boas tão acontecendo mas muitas coisas ruins também estão.
eu voltei pra faculdade, talvez haja futuro pro nosso coven, eu meio que tô trabalhando, mas tudo isso tem a contrapartida né, a faculdade é muito desafiadora, o coven tá andando a passos muito vagarosos e esteve em perigo muitas vezes de se romper, eu tô trabalhando com André, que é tóxico pra mim em toda oportunidade que ele tem, e também tô recebendo muito pouco.
tem os pequenos deleites, eu estou sendo bem tratada pelo rapaz que eu ando saindo, um freela que caiu do céu, minha avó viajando, a pintinha e os gatos todos. são coisas que me ajudam a não me perder nesse momento super atordoado.

eu sei lá pq eu tô escrevendo aqui, tá tudo doendo, meu corpo tá um caos, minha mente tá um lixo, minha espiritualidade parece que houve um abandono recíproco, mas eu acho que algum dia longe daqui eu vou poder voltar e ler e ver que isso passou, que os problemões acabaram perdendo a importância, que isso tudo fez parte do meu desenvolvimento de personagem, e eu espero de verdade estar em um lugar melhor que, se é que a minha situação agora me permite algum sentimento, esse aqui agora, onde eu só tô me sentindo uma palhaça largada no vento o tempo inteiro.

Jayna do futuro, por favor esteja num lugar melhor, faça esse desterro todo valer a pena. não desiste, uma hora as coisas tem que dar bom. 

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