sexta-feira, 24 de junho de 2016


Café gelado, vaporwave e vênus a 2,90.

Tava chovendo muito, e cada vez chovia mais. A rua era barro puro e o barro escorria junto com pedra, junto com mato, com tralha, com resto e água demais, e machucava as pernas, os braços os joelhos andar rápido daquele jeito num frio daquele e toda ensopada, com a roupa toda grudada no corpo e o cabelo na cara entrando no olho, na boca com o gosto de cinzeiro ficando cada vez mais amargo ali, descendo a rua pra que? Descia rápido junto com o barro e a água, mesmo com tudo doendo e cada vez mais, cada vez mais ainda. No fim da rua só uma luz e ninguém. O vento batendo, cortando, machucando muito, deixando mais gelado que só a chuva que tava antes, e que nem chicote o cabelo já tava. Mas cada vez mais. E mais, mais, mais.
Nada.

Parece o prelúdio do inferno mas são só as ultimas semanas de Junho. O inferno astral de todos que amo socando a minha porta.
Saudade do sossego, do acaso, das gargalhadas e de deitar na cama e fechar os olhos.
Logo logo.