terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Le Chemins

On a parcouru les chemins
On a tenu la distance
Et je te hais de tout mon corps

Muito tempo depois, correndo para atravessar a rua e pegar aquele ônibus, sua maleta caiu, e então, com ela em mãos, conseguiu ver.

Mais je t'adore

Não havia sentido, não havia razão e nem explicação, mas ele viu.

On a parcouru les chemins
On a souffert en silence
Et je te hais de tout mon corps

Mais je t'adore encore


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

desejo

Só há uma coisa pra se ver no reino
crepuscular de Desejo. É o que se chama
limiar, a fortaleza do Desejo.

Desejo sempre morou no limite.

O limiar é maior do que podemos imaginar.
É uma estátua de Desejo,
ele ou ela própria.
(Desejo nunca se satisfez com um
único sexo. Ou apenas uma de qualquer
coisa... Exceto, talvez, o próprio limiar.)
O limiar é um retrato do Desejo,
completo em todos os detalhes, erguido,
a partir de seus caprichos, com sangue,
carne, osso e pele. E, como toda
verdadeira cidadela desde o início dos
tempos, o limiar é habitado. O lugar só
tem um ocupante neste momento.
O Desejo dos Perpétuos.

O limiar é grande demais para apenas
uma pessoa. Contém dois tímpanos maiores
que uma dúzia de salões de baile. E veias
vazias e ressonantes como túneis.
É possível andar nelas até envelhecer e
morrer sem passar novamente pelo
mesmo lugar. Entretanto, dado o
temperamento de Desejo,
só há um lugar em toda a catedral de
seu corpo que lhe serve como lar.

Desejo mora no coração.

É improvável que qualquer retrato
consiga fazer jus a Desejo,
pois vê-la (ou vê-lo)
seria o mesmo que amá-lo
(ou amá-la) - apaixonadamente,
dolorosamente, até a
exclusão de tudo o mais.

Desejo exala um perfume
quase subliminar de pêssegos
no verão e projeta
duas sombras: uma negra
e de nítidos contornos; a outra
sempre ondulante,
como neblina no calor.

Desejo sorri em breves lampejos,
da mesma forma que o brilho
do Sol reluz no gume de uma
faca. E há muito, muito mais do gume
de uma faca na essência de Desejo.

Jamais a(o) possuída(o), sempre
o(a) possuidor(a), com pele
tão pálida quanto fumaça,
e olhos aguçados como vinho.

Desejo é tudo o que você sempre quis.

Quem quer que seja você.
O que quer que seja você.

Tudo.

delírio

Ela cheira a suor, vinho azedo,
noites tardias e couro velho.

Seu reino é próximo, e pode
ser facilmente visitado.
As mentes humanas, porém,
não foram feitas para compreender
seu domínio, e os poucos
que viajaram até ele conseguiram
relatar apenas fragmentos perdidos.

Sua aparência, um amontoado de
idéias vestidas no semblante da carne,
é a mais variável de todos os Perpétuos.
A forma e o contorno de sua sombra
não têm relação com a de nenhum
corpo que esteja usando.
Ela é tangível como veludo gasto.
Delírio tende a se tornar borboletas
ou peixes dourados, agora e sempre.

Alguns dizem que a grande frustração
de Delírio é saber que, apesar de ser
mais velha que as estrelas e mais antiga
que os deuses, ela continua sendo,
eternamente, a mais jovem da família,
pois os Perpétuos não medem tempo
como nós nem vêem mundos
através de olhos mortais.

O poeta Coleridge afirmou tê-la
conhecido intimamente, mas o sujeito
não passava de um mentiroso inveterado.
Portanto, devemos duvidar de
cada palavra sua.

Um dia, Delírio também foi Deleite.
E, embora isso tenha sido há muito
tempo, ainda hoje seus olhos têm
matizes diferentes: um é verde-esmeralda
bem vivo, salpicado de pontos prateados;
o outro é do mesmo azul que esconde
sangue dentro de veias mortais. Ela vê
o mundo de seu própria e única visão.

Os Perpétuos acreditam que apenas
Delírio sabe porquê ela mudou.


I Remember You.

aquele sorriso que chegou e brilhou o meu dia.
saudade.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

This is fact not fiction
For the first time in years
And all the girls in every girlie magazine
Can't make me feel any less alone
I'm reaching for the phone
To call at 7:03 and on your machine I slur a plea for you to come home
But i know it's too late
I should have given you a reason to stay

domingo, 3 de outubro de 2010

Here's the day you hoped would never come
Don't feed me violins
Just run with me through rows of speeding cars.
The papercuts the cheating lovers
The coffee's never strong enough
I know you think it's more than just bad luck

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ela não conseguiria dormir. Não daquele jeito. Afastou seus cabelos do cobertor e a abraçou. Pronto, aquecida.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

concealed by disbelief

Mordendo a boca com um cigarro pendendo de canto. Assim ele encarava a paisagem verde e imobilizante do lado de fora da janela. Era sempre muito frio aquela época do ano.
Era sempre muito frio em todas as épocas do ano.
O cabelo esvoaçava com a brisa amiga, entrando de mansinho pela fresta aberta; tinha cheiro de chuva, e assim ele imaginava que esta não tardaria a cair. O céu estava nublado de uma maneira tão tenebrosa que chegava a lhe dar uma impressão ruim. Mas nada, nada, iria arruinar aquele dia tão lindo. Sorriu ao pensar nisso.
Ela estava deitada ali, em sua cama, no lugar onde deveria estar sempre, no lugar que ambos deveriam estar para sempre, um nos braços do outro.
Incomodado com sua nudez, jogou o cigarro que a muito se queimara no cinzeiro e levantou, caminhando em direção ao banheiro e carregando sua caneca de café pela metade. Engoliu tudo aquilo logo ao chegar e fez uma careta, deixando-a sobre a pia. Deu uma longa olhada no espelho e sorriu outra vez. Sua barba estava feita como de costume e seus olhos estavam mais claros do que de costume, mais para ambar do que para mel. Talvez fosse o brilho que o invadira, a felicidade, o brilho do olhar. Tomou uma banho muito frio (para acordar?) e saiu pela casa escondido por baixo de uma toalha velha, arrumou a cozinha (muitas coisas da mesa, do balcão, da pia no chão) rapidamente, e preparou algo rápido e pimposo para servir a ela. Sem querer exagerar muito na dose, levou torradas com geléia de amoras frescas e marshmallow tostado por cima, uma caneca de cappucino com chocolate em pequenos pedaços no fundo. Perfeição. Até o Fim.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

a plea for mercy

6h15am. Os seus cabelos refletiam a luz do sol que entrava pela fresta que o vento levantava da cortina.
6h20. Ela estava ali. Para sempre.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

everything is nothing

Eram 5:50am. Ele acendeu (mais) um cigarro e tomou um gole de seu café sem açúcar. Amargo. Não havia mais açúcar em sua vida.
Eram 5:50am, mas ele não fazia idéia de que eram dez pra seis da manhã. As janelas estavam trancadas (pregadas com tábuas), o cd tocava lá pela vigésima vez, então havia perdido sua noção do tempo. Não fazia idéia da hora, do dia, de o que estava acontecendo mas sabia que estava chovendo. Uma chuva boa de se ouvir, que trazia um cheiro gostoso pelas frestas das portas, das janelas, pelas paredes, pelo telhado e por algum outro lugar. Não era uma chuva errada, ela estava ali se moldando perfeitamente ao seu momento, se fosse um sol quente, ou um tempo nublado, naõ seria a mesma coisa, talvez nem tudo estivesse trancado. Talvez, se a casa estivesse morna, ele faria um suco, compraria um refrigerante, teria superado tudo aquilo, jogaria todo o maço de cigarros fora, mas não. Estava chovendo.
Ele sabia que tinha fome pois sua barriga doía, mas não ia se render a tentação de passar por aquela porta, ele não queria ser igual a ela. E se ele passasse? Será que não voltaria mais (também)? Não sabia a resposta, mas já não o interessava.
A sua vida era ótima daquele jeito. O mundo lá fora pode não ser tão bom quanto ele imagina. Ele não arriscaria.
Sorriu para o teto com infiltração e fechou os olhos. Respirou fundo, deixou o ar úmido entrar em seus pulmões e então o soltou. Tragou o cigarro e caiu em torpor eterno.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Hell in earth.

final de semana dificil com Miguel na UTI.
ainda bem que está tudo ok agora
Dort wo der Horizont
Sich mit dem Meer verbindet
Dort wollt' ich auf dich warten
Auf dass du mich dort findest

sábado, 24 de julho de 2010

Carta para além do muro


“No fundo do peito esse fruto
apodrecendo a cada dentada”.
Macalé e Duda: Hotel das Estrelas



Olha, estou escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa. Hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parece que empurram a gente mais para dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maças eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me trairem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais no de dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes e eles dizem que se eu me mostrar como realmente sou você vai ficar apavorado e nunca mais vai aparecer nem telefonar — eu não agüento mais não me mostrar como sou. Hoje de manhã acordei bem cedo, e depois de conversar com eles consegui permissão para caminhar sozinho no jardim, eu disfarcei muito conversando com eles porque queria muito caminhar sozinho no jardim. Àquela hora ainda não estava chovendo, ou estava, não me lembro, ou havia chovido ontem à noite, não, acho que não estava chovendo não, porque eu lembro que as folhas estavam limpas e molhadas e a terra tinha um cheiro de terra molhada: eu comecei a lembrar, lembrar, lembrar e o meu pensamento parecia um parafuso sem fim, afundando na memória, eu não suportava mais lembrar de tudo o que se perdeu, tudo o que perdi, não fui e não fiz, mas não conseguia parar. Então comecei a gritar no meio do jardim molhado com as duas mãos segurando a cabeça para que não estourasse. Aí eles vieram e disseram que não tinha jeito e que estavam arrependidos de terem me deixado sair sozinho e que aquela era a última vez e que eu disfarçava muito bem mas não conseguiria mais enganá-los. Eu disse que não tinha culpa do meu pensamento disparar daquele jeito, mas acho que eles não acreditaram, eles não acreditam que eu não consigo controlar pensamento. Então me deram uma daquelas injeções e eu afundei num sono pesado e sem saída como este espaço dentro desses quatro muros brancos. Foi depois que acordei, não sei se hoje ou amanhã ou ontem, eu te escrevo dizendo hoje só para tornar as coisas mais fáceis, foi depois que acordei que perguntei se você não tinha vindo nem telefonado, e eles disseram que você não viera nem telefonara. É provável que estivessem mentindo, eles dizem que eu preciso aceitar mais a realidade das coisas, a dureza das coisas, e às vezes penso que tornam de propósito as coisas mais duras do que realmente são, só pra ver se eu reajo, se eu enfrento. Mas não reajo nem enfrento. A cada dia viver me esmaga com mais força. Não sei se eles escondem de mim a sua visita, se não me chamam quando você telefona, se dizem que já fui embora, que já estou curado, não sei se você não vem mesmo e não telefona mais, não sei nada de ninguém que viva atrás daqueles muros brancos, você era a única pessoa lá de fora que entrava aqui dentro de vez em quando. É verdade que eles todos moram lá fora, mas é diferente, eles vivem tanto aqui dentro que não consigo acreditar que sejam iguais aos lá de fora, como você. Você, sim, era completamente lá de fora. Digo era porque faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. Acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. Parei um pouco de escrever, roí as unhas, preciso roer as unhas porque eles não me deixam fumar, reli o começo da carta, mas não consegui entender direito o que eu pretendia dizer, sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial a você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver ou telefonar e, se fosse preciso, trazer a polícia aqui para obrigá-los a deixarem você me ver. Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fica os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que sabtr que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado.
Parei um pouco de escrever para olhar pela janela e principalmente para ver se eu conseguia deter o parafuso entrando no pensamento. Acho que consegui. Porque quando começo assim não consigo mais parar, e não quero que eles me dêem aquela injeção, não quero ouvir eles dizendo que não tem remédio, que eu não tenho cura, que você não existe. Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. Tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. Vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples: quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Lack of color.

Cara, que troço isso.
Nasceu meu filho. Lindo, saudável e amado ♥ E maravilhosamente acabou todo aquele clima horrivel aqui de casa, toda aquela energia negativa. Coisa de bebê, não é? Acabou a implicancia com o Will, comigo, com as coisas, os estresses aleatórios sem razão, brincadeirinhas idiotas, semeação de discórdia e grosserias. Todo mundo me ajudando e tudo mais, sem reclamar e nem nada, muito pelo contrario, era uma briga pra saber quem ia ficar com Miguel no colo, quem que ia botar pra arrotar e tudo mais, só que é claro que comida boa não dura né ;P Voltou tudo quase que exatamente para o lugar. Só que agora tem uma criança no meio.
Ou seja, eu passo o a noite inteira acordada, quando mamãe levanta, ela reclama que não conseguiu dormir por algum motivo aleatório, rola algum estresse, eu acabo indo dormir[desmaiar] pq é foda, daí mamãe e Julia dão uma olhada nele enquanto eu durmo. Daí eu acordo, o humor da mamãe tá melhor, ela dá uma implicada com alguma coisa idiota e sem razão de ser se tem alguem 'de fora' aí, como Anderson ou Patrícia [o que geralmente é uma implicancia besta, tipo: seu cabelo bla bla, ou você tá parecendo acrescentealgoqueteirritaaqui, e eu tenho que parecer acostumada com isso e ignorar, pq senão eu sou fresca] ou a minha tia.. qualquer um. Daí ela vai fazer algo pra comer, reclama de alguma coisa fora do lugar, tento arrumar sem reclamar, daí ela joga na cara indiretamente algo sobre ela ter que cuidar de Miguel, tipo "Jayna está muito mal-acostumada", "tudo você pede", "você não tem mão não?". Algumas vezes, rola uma discussão sobre ela estar cansada de tudo, que ela não tem sossego na vida, que ninguem dá paz. Daí rola uma maré de boa vontade, amizade e calma e se eu vou fazer alguma coisa pra mim, no dia seguinte, a culpa é minha por não ter dormido enquanto Miguel estava dormindo. Não importa se foi pra usar o pc durante umas horas, ou se foi pra comer, ler um livro. A culpa é minha pq eu não posso ter um vida enquanto eu tenho um filho. E mesmo quando eu passo o dia em função da criança, se eu nã odurmo a culpa é minha tb. Se eu sinto dor enquanto estou amamentando, "você é mãe". Ok. Final-de-semana. O Will vem pra cá depois do trabalho, come alguma coisa, eu tenho que tacar ele no banho, eu cuido de Miguel, vou fazer alguma coisa para mim [usar pc, comer, ler, qualquer coisa], tomo banho e quando vou ver, ele dormiu. Me arrumo, coloco Miguel no berço e vou colocar o colchão pra ele. Passo pra falar com a minha mãe no quarto e dar boa noite, daí se o humor dela tá bom, ela mostra alguma coisa no pc ou puxa um papo, senão ela fica reclamando de cada psso que o Will deu desde que chegou aqui e jogando em cima de mim pq eu não fiz nada e.e Acordo a noite inteira pra dar de mamar pra Miguel e de manhã acordo ele pra ir trabalhar. Segunda ele dormiu aqui pra descansar um pouco mais, só que ele largou a roupa no chão do banheiro =.= eu nem me fodo por esse tipo de coisa, mas ok. Torração de paciencia até dizer chega. De todos os lados. Minha avó e minha mãe. Não estão erradas, eu mesma já cansei de falar nisso com ele, mas sei lá, ele é avoado, retardado, esquecido, dunno. Mas dá na mesma, eu ouvi um monte, arrume ias coisas dele e encontrei um monte de meia cagada de sangue e.e daí descobri que ele se machucou no trabalho. Aff esse tipo de coisa me tira completamente do sério. Me mata e.e Eu odeio quando as pessoas a minha volta se machucam e.e
Mas resumindo a novela, mamãe tá putinha pq a gata no cio ficou no quarto dela e miou a noite inteira [motivo para ela não ter dormido.], daí não acordou pra ir no médico comigo, Miguel e minha tia. Deu o dinheiro pra eu resolver o dinheiro do plano do bebê de Lucinéia, tive que resolver o lance do lano do Miguel, minha tia teve que pagar, não deu dinheiro pra comprar o remédio pra interromper o cio da gata, daí não comprou meu absorvente nem porra nenhuma, mas foda-se. Cheguei em casa desmaiada no carro, desmaiei na cama dela com Miguel no peito. Daí me acordaram pra almoçar, fui pra mesa e ela começou de brincadeirinha comigo. Respondi a brincadeirinha [coisa que não deveria ter feito] na mesma moeda e comprei meu passaporte pro inferno. Como ela está na tpm [cuidado triplicado], eu acordei agora de noite, amamentei Miguel no sofá, fiz comida, ofereci [ela não quis] e vim pro pc. Ela veio na sala, deu um surto psicóticol ouco, quase chorou e disse que se eu e minha irmã não melhorássemos nosso ocmportamento, ela ia pra casa da minha tia depois de amanhã, ia mandar Julia pra casa da avó dela e eu ia ter que me virar sozinha e.e' Falou.
Um monte de drama. Eu nem faço minha avó ficar distante do quarto dela quando ela tá dormindo, defendo o sono dela, ajudo a cozinhar, a arrumar a casa. Daí eu sou inutil, imprestável, mal-educada e grossa. Ah, e ingrata, que foi a palavra do dia :)

Mas fora isso, Miguel tá ótimo. Infelizmente está com o intestino preso outra vez, de vez em quando tem uma cólica ou outra, massacra meu peitos, mas tudo bem ^^
Estou feliz com ele aqui em casa, mas não vou negar que espero ansiosamente a época de ele dormir a noite, e não de dia xD

quarta-feira, 9 de junho de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Diazinho de homenagear..

Uma pessoa muito importante na minha vida. Que eu amo muito e muito mesmo.

Eu sinto sua falta todos os dias, e fico imaginando como seria estar aí perto de você, como seria ver você todos os dias, e te abraçar e olhar pra cima e ver o seu sorriso, ouvir músicas juntos e ver filmes tristes e choráveis pra você me consolar. Fico imaginando como deve ser alguem que esbarra com você na rua, ou alguem na sua escola (no cursinho?), como deve ser receber o seu carinho e te ver todos os dias, rir de bobagens e tudo mais.. o que deve ser ótimo, pq tudo isso envolve encostar em você de alguma maneira, sentir que você é real e vive em alguem lugar.. que não é só um pedaço de imaginação que minha mente criou como "a pessoa perfeita".. e bem, como você disse, essa distancia toda deve significar algo, afinal de contas um dia ainda estaremos juntos e vamos fazer várias coisas, e conhecer várias coisas! E eu vou esperar ansiosamente pra esse dia chegar o mais breve possível, nem que seja por um dia apenas ><
Se você estiver perdido, olhe e verá que estou aqui sempre. Se você você cair, eu vou pegá-lo e te esperarei sempre.
Mas bem, aproveite o seu dia e não se aborreça com essas coisas que tem te aborrecido ultimamente ok? Eu amo você, e não gosto de te ver preocupado ou triste.
Durma bem pq você merece xD

sábado, 27 de março de 2010

Fool.

Or just turn and walk away
I've overspoken
Said all that I can say
I know that I can kneel
And kiss your feet
Walk ahead and clear the street
So you don't have to meet
But what good would it do
Give the world another fool

Turn and walk away
I've overspoken
Now what more can I say?
I know that I can kneel
And I can cry
I know, I know
That I can show you how I died
Now what good would it do
Give the world another fool
Just sitting on this stool
I'm close to giving up on you

Fuck it.

Eu vou parar de correr atrás das pessoas.
A partir de agora, vou me trancar em casa também e foda-se.

e eu acho que tô passando mal :T

terça-feira, 23 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

My crying veins.

As coisas andam esquisitas.

Tenso.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

Octagésimo primeiro post! *gay*

UOAHASUHSAUHAS'
Gosd eu me mereço, eu sei.
Patrícia disse que eu vou pintar o cabelo dela, sou uma pessoa tão feliz *-* Mas mamãe viajou hoje e isso foi tão triste triste Ç-Ç mas que seja, a Itália só fica a uns 5874841549845895km daqui Ç____Ç e um mês só dura 30 dias Ç______Ç
Mas bem. Sonata Arctica. Sejam felizes, e´o tema de hoje ♥



Mikko Härkin ainda cabeludo e ainda tecladista do Sonata D:


Henkka [Henrik Kligenberg] Assim que entrou no Sonarctica *-*


Início da cagada, Sonata. Início da cagada. Último com o Jani :(


Atualíssimo, do cd novo e uma das únicas duas músicas que prestam. Sonata, volte ao que era antes :( Confio em você Elias!

sábado, 30 de janeiro de 2010

O Nome da Rosa (1986)


CINEASTA: JEAN JACQUES ANNAUD
GÊNERO: SUSPENSE
ORIGEM: EUA
DIÁLOGO: INGLÊS
DURAÇÃO: 130 MIN
COR: COLORIDO

Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.


EASY-SHARE / LEGENDA PT-BR / RMVB / 488MB / IMDB
PARTE1 - PARTE2 - PARTE3

Retirado do blog Cinema Cultura
_____________

É um dos meus preferidos, recomendadíssimo. Assistam, assistam, assistam.

O Homem da Minha Vida (2006)


CINEASTA: ZABOU BREITMAN
GÊNERO: COMÉDIA, DRAMA
ORIGEM: FRANÇA, ITALIA
DIÁLOGO: FRANCÊS
DURAÇÃO: 109 MINUTOS
COR: COLORIDO

Como sempre faz no verão, Frédéric e a esposa vão passar as férias com amigos e familiares na casa de veraneio, num lugar remoto e isolado de tudo. Mas dessa vez será diferente. Frédéric convida para o jantar o novo vizinho, Hugo, um gay assumido. Já tarde da noite todos vão dormir; menos Hugo e Frédéric, que ficam conversando até o amanhecer sobre os mistérios do amor. O relacionamento que se desenvolve entre eles perturba não apenas os dois, mas todos que estão à volta. Filmado nos alpes franceses.


MEGAUPLOAD / LEGENDA PT-BR / AVI / 562MB / IMDB
PARTE ÚNICA

OU

RAPIDSHARE / LEGENDA PT-BR / AVI / 562MB / IMDB
PARTE1 - PARTE2 - PARTE3 - PARTE4 - PARTE5 - PARTE6

Retirado do blog Cinema Cultura

Lolita (1962)


CINEASTA: STANLEY KUBRICK
GÊNERO: DRAMA/ROMANCE
ORIGEM: EUA
DIÁLOGO: INGLÊS
DURAÇÃO: 152 MIN
COR: P&B

Erudito professor universitário britânico vai trabalhar nos Estados Unidos e lá fica tão obcecado por uma ninfeta de 14 anos que casa sua mãe, para estar próximo dela. Porém, quando a esposa morre atropelada ele acredita ser o momento adequado para seduzir a enteada, mas algo acontece que pode prejudicar seus planos.

PREMIAÇÕES:
  • Recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
CURIOSIDADES:
  • Os atores Laurence Olivier e Noel Howard chegaram a ser convidados para interpretar o personagem Humbert Humbert, mas ambos recusaram o papel
  • A atriz Tuesday Weld chegou a ser considerada para o papel-título de Lolita.
  • Um dos motivos pelo qual a atriz Sue Lyon foi escolhida para ser a intérprete de Lolita foi o tamanho de seus seios. O diretor Stanley Kubrick chegou a ser advertido sobre os perigos da censura americana em usar uma atriz menor de idade para interpretar uma garota de 14 anos sexualmente ativa, mas Kubrick resolveu contratá-la assim mesmo.
  • A atriz Sue Lyon tinha apenas 16 anos durante as filmagens de Lolita.
  • Logo na cena de abertura há uma cena em que Clare Quilty diz "I am Spartacus". Trata-se de uma referência a Spartacus, filme anterior de Kubrick.
  • Foi refilmado em 1997 pelo diretor Adrian Lyne, recebendo também o título de Lolita.
4shared / LEGENDA PT-BR / RMVB / 500MB / IMDB
PARTE1 - PARTE2 - PARTE3 - PARTE4 - PARTE5

Retirado do blog Cinema Cultura

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Não te vás

Não estejas longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa venha matar ainda meu coração perdido

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.

Neruda.

Contra-mão.

Aqui estou eu novamente prostrada na mesma cadeira da mesma sala, da mesma casa, com o mesmo batom vermelho, esperando simplesmente por abraços e beijos que não chegam nunca.
Entre esperanças abafadas em lágrimas incessantes e o vazio que começa novamente a tomar meu peito..
Paixão inconsequente, abaladora.
Sonho vão, estória para dormir.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Aqueles dois.

A verdade é que não havia mais ninguém em volta. Meses depois, não no começo, um deles diria que a repartição era como "um deserto de almas". O outro concordou sorrindo, orgulhoso, sabendo-se excluído. E longamente, entre cervejas, trocaram então ácidos comentários sobre as mulheres mal-amadas e vorazes, os papos de futebol, amigo secreto, lista de presente, bookmaker, bicho, endereço de cartomante, clips no relógio de ponto, vezenquando salgadinhos no fim do expediente, champanha nacional em copo de plástico. Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra — talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou.

Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las. Não que fossem muito jovens, incultos demais ou mesmo um pouco burros. Raul tinha um ano mais que trinta; Saul, um menos. Mas as diferenças entre eles não se limitavam a esse tempo, a essas letras. Raul vinha de um casamento fracassado, três anos e nenhum filho. Saul, de um noivado tão interminável que terminara um dia, e um curso frustrado de Arquitetura. Talvez por isso, desenhava. Só rostos, com enormes olhos sem íris nem pupilas. Raul ouvia música e, às vezes, de porre, pegava o violão e cantava, principalmente velhos boleros em espanhol. E cinema, os dois gostavam.

Passaram no mesmo concurso para a mesma firma, mas não se encontraram durante os testes. Foram apresentados no primeiro dia de trabalho de cada um. Disseram prazer, Raul, prazer, Saul, depois como é mesmo o seu nome? sorrindo divertidos da coincidência. Mas discretos, porque eram novos na firma e a gente, afinal, nunca sabe onde está pisando. Tentaram afastar-se quase imediatamente, deliberando limitarem-se a um cotidiano oi, tudo bem ou, no máximo, às sextas, um cordial bom fim de semana, então. Mas desde o princípio alguma coisa — fados, astros, sinas, quem saberá? conspirava contra (ou a favor, por que não?) aqueles dois.

Suas mesas ficavam lado a lado. Nove horas diárias, com intervalo de uma para o almoço. E perdidos no meio daquilo que Raul (ou teria sido Saul?) chamaria, meses depois, exatamente de "um deserto de almas", para não sentirem tanto frio, tanta sede, ou simplesmente por serem humanos, sem querer justificá-los — ou, ao contrário, justificando-os plena e profundamente, enfim: que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Tão lentamente que mal perceberam.

II

Eram dois moços sozinhos. Raul tinha vindo do norte, Saul tinha vindo do sul. Naquela cidade, todos vinham do norte, do sul, do centro, do leste — e com isso quero dizer que esse detalhe não os tornaria especialmente diferentes. Mas no deserto em volta, todos os outros tinham referenciais, uma mulher, um tio, uma mãe, um amante. Eles não tinham ninguém naquela cidade — de certa forma, também em nenhuma outra —, a não ser a si próprios. Diria também que não tinham nada, mas não seria inteiramente verdadeiro.

Além do violão, Raul tinha um telefone alugado, um toca-discos com rádio e um sabiá na gaiola, chamado Carlos Gardel. Saul, uma televisão colorida com imagem fantasma, cadernos de desenho, vidros de tinta nanquim e um livro com reproduções de Van Gogh. Na parede do quarto de pensão, uma outra reprodução de Van Gogh: aquele quarto com a cadeira de palhinha parecendo torta, a cama estreita, as tábuas do assoalho, colocado na parede em frente à cama. Deitado, Saul tinha às vezes a impressão de que o quadro era um espelho refletindo, quase fotograficamente, o próprio quarto, ausente apenas ele mesmo. Quase sempre, era nessas ocasiões que desenhava.

Eram dois moços bonitos também, todos achavam. As mulheres da repartição, casadas, solteiras, ficaram nervosas quando eles surgiram, tão altos e altivos, comentou, olhos arregalados, uma das secretárias. Ao contrário dos outros homens, alguns até mais jovens, nenhum tinha barriga ou aquela postura desalentada de quem carimba ou datilografa papéis oito horas por dia.

Moreno de barba forte azulando o rosto, Raul era um pouco mais definido, com sua voz de baixo profundo, tão adequada aos boleros amargos que gostava de cantar. Tinham a mesma altura, o mesmo porte, mas Saul parecia um pouco menor, mais frágil, talvez pelos cabelos claros, cheios de caracóis miúdos, olhos assustadiços, azul desmaiado. Eram bonitos juntos, diziam as moças. Um doce de olhar. Sem terem exatamente consciência disso, quando juntos os dois aprumavam ainda mais o porte e, por assim dizer, quase cintilavam, o bonito de dentro de um estimulando o bonito de fora do outro, e vice-versa. Como se houvesse entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia.

III

Cruzavam-se, silenciosos mas cordiais, junto à garrafa térmica do cafezinho, comentando o tempo ou a chatice do trabalho, depois voltavam às suas mesas. Muito de vez em quando, um pedia um cigarro ao outro, e quase sempre trocavam frases como tanta vontade de parar, mas nunca tentei, ou já tentei tanto, agora desisti. Durou tempo, aquilo. E teria durado muito mais, porque serem assim fechados, quase remotos, era um jeito que traziam de longe. Do norte, do sul.

Até um dia em que Saul chegou atrasado e, respondendo a um vago que que houve, contou que tinha ficado até tarde assistindo a um velho filme na televisão. Por educação, ou cumprindo um ritual, ou apenas para que o outro não se sentisse mal chegando quase às onze, apressado, barba por fazer, Raul deteve os dedos sobre o teclado da máquina e perguntoü: que filme? Infâmia, Saul contou baixo, Audrey Hepburn, Shirley MacLayne, um filme muito antigo, ninguém conhece. Raul olhou-o devagar, e mais atento, como ninguém conhece? eu conheço e gosto muito. Abalado, convidou Saul para um café e, no que restava daquela manhã muito fria de junho, o prédio feio mais que nunca parecendo uma prisão ou uma clínica psiquiátrica, falaram sem parar sobre o filme.

Outros filmes viriam, nos dias seguintes, e tão naturalmente como se de alguma forma fosse inevitável, também vieram histórias pessoais, passados, alguns sonhos, pequenas esperança e sobretudo queixas. Daquela firma, daquela vida, daquele nó, confessaram uma tarde cinza de sexta, apertado no fundo do peito. Durante aquele fim de semana obscuramente desejaram, pela primeira vez, um em sua quitinete, outro na pensão, que o sábado e o domingo caminhassem depressa para dobrar a curva da meia-noite e novamente desaguar na manhã de segunda-feira quando, outra vez, se encontrariam para: um café. Assim foi, e contaram um que tinha bebido além da conta, outro que dormira quase o tempo todo. De muitas coisas falaram aqueles dois nessa manhã, menos da falta que sequer sabiam claramente ter sentido.

Atentas, as moças em volta providenciavam esticadas aos bares depois do expediente, gafieiras, discotecas, festinhas na casa de uma, na casa de outra. A princípio esquivos, acabaram cedendo, mas quase sempre enfiavam-se pelos cantos e sacadas para contar suas histórias intermináveis. Uma noite, Raul pegou o violão e cantou Tú Me Acostumbraste. Nessa mesma festa, Saul bebeu demais e vomitou no banheiro. No caminho até os táxis separados, Raul falou pela primeira vez no casamento desfeito. Passo incerto, Saul contou do noivado antigo. E concordaram, bêbados, que estavam ambos cansados de todas as mulheres do mundo, suas tramas complicadas, suas exigências mesquinhas. Que gostavam de estar assim, agora, sós, donos de suas próprias vidas. Embora, isso não disseram, não soubessem o que fazer com elas.

Dia seguinte, de ressaca, Saul não foi trabalhar nem telefonou. Inquieto, Raul vagou o dia inteiro pelos corredores subitamente desertos, gelados, cantando baixinho Tú Me Acostumbraste, entre inúmeros cafés e meio maço de cigarros a mais que o habitual.

IV

Os fins de semana tornaram-se tão longos que um dia, no meio de um papo qualquer, Raul deu a Saul o número de seu telefone, alguma coisa que você precisar, se ficar doente, a gente nunca sabe. Domingo depois do almoço, Saul telefonou só para saber o que o outro estava fazendo, e visitou-o, e jantaram juntos a comidinha mineira que a empregada deixara pronta sábado. Foi dessa vez que, ácidos e unidos, falaram no tal deserto, nas tais almas. Há quase seis meses se conheciam. Saul deu-se bem com Carlos Gardel, que ensaiou um canto tímido ao cair da noite. Mas quem cantou foi Raul: Perfídia, La Barca e, a pedido de Saul, outra vez, duas vezes, Tú Me Acostumbraste. Saul gostava principalmente daquele pedacinho assim sutil llegaste a mí como una tentación llenando de inquietud mi corazón. Jogaram algumas partidas de buraco e, por volta das nove, Saul se foi.

Na segunda, não trocaram uma palavra sobre o dia anterior. Mas falaram mais que nunca, e muitas vezes foram ao café. As moças em volta espiavam, às vezes cochichando sem que eles percebessem. Nessa semana, pela primeira vez almoçaram juntos na pensão de Saul, que quis subir ao quarto para mostrar os desenhos, visitas proibidas à noite, mas faltavam cinco para as duas e o relógio de ponto era implacável. Saíam e voltavam juntos, desde então, geralmente muito alegres. Pouco tempo depois, com pretexto de assistir a Vagas Estrelas da Ursa na televisão de Saul, Raul entrou escondido na pensão, uma garrafa de conhaque no bolso interno do paletó. Sentados no chão, costas apoiadas na cama estreita, quase não prestaram atenção no filme. Não paravam de falar. Cantarolando Io Che Non Vivo, Raul viu os desenhos, olhando longamente a reprodução de Van Gogh, depois perguntou como Saul conseguia viver naquele quartinho tão pequeno. Parecia sinceramente preocupado. Não é triste? perguntou. Saul sorriu forte: a gente acostuma.

Aos domingos, agora, Saul sempre telefonava. E vinha. Almoçavam ou jantavam, bebiam, fumavam, falavam o tempo todo. Enquanto Raul cantava — vezenquando El Día Que Me Quieras, vezenquando Noche de Ronda —, Saul fazia carinhos lentos na cabecinha de Carlos Gardel, pousado no seu dedo indicador. Às vezes olhavam-se. E sempre sorriam. Uma noite, porque chovia, Saul acabou dormindo no sofá. Dia seguinte, chegaram juntos à repartição, cabelos molhados do chuveiro. As moças não falaram com eles. Os funcionários barrigudos e desalentados trocaram alguns olhares que os dois não saberiam compreender, se percebessem. Mas nada perceberam, nem os olhares nem duas ou três piadas. Quando faltavam dez minutos para as seis, saíram juntos, altos e altivos, para assistir ao último filme de Jane Fonda.

V

Quando começava a primavera, Saul fez aniversário. Porque achava seu amigo muito solitário, ou por outra razão assim, Raul deu a ele a gaiola com Carlos Gardel. No começo do verão, foi a vez de Raul fazer aniversário. E porque estava sem dinheiro, porque seu amigo não tinha nada nas paredes da quitinete, Saul deu a ele a reprodução de Van Gogh. Mas entre esses dois aniversários, aconteceu alguma coisa.

No norte, quando começava dezembro, a mãe de Raul morreu e ele precisou passar uma semana fora. Desorientado, Saul vagava pelos corredores da firma esperando um telefonema que não vinha, tentando em vão concentrar-se nos despachos, processos, protocolos. Á noite, em seu quarto, ligava a televisão gastando tempo em novelas vadias ou desenhando olhos cada vez mais enormes, enquanto acariciava Carlos Gardel. Bebeu bastante, nessa semana. E teve um sonho: caminhava entre as pessoas da repartição, todas de preto, acusadoras. À exceção de Raul, todo de branco, abrindo os braços para ele. Abraçados fortemente, e tão próximos que um podia sentir o cheiro do outro. Acordou pensando mas ele é que devia estar de luto.

Raul voltou sem luto. Numa sexta de tardezinha, telefonou para a repartição pedindo a Saul que fosse vê-lo. A voz de baixo profundo parecia ainda mais baixa, mais profunda. Saul foi. Raul tinha deixado a barba crescer. Estranhamente, ao invés de parecer mais velho ou mais duro, tinha um rosto quase de menino. Beberam muito nessa noite. Raul falou longamente da mãe — eu podia ter sido mais legal com ela, disse, e não cantou. Quando Saul estava indo embora, começou a chorar. Sem saber ao certo o que fazia, Saul estendeu a mão e, quando percebeu, seus dedos tinham tocado a barba crescida de Raul. Sem tempo para compreenderem, abraçaram-se fortemente. E tão próximos que um podia sentir o cheiro do outro: o de Raul, flor murcha, gaveta fechada; o de Saul, colônia de barba, talco. Durou muito tempo. A mão de Saul tocava a barba de Raul, que passava os dedos pelos caracóis miúdos do cabelo do outro. Não diziam nada. No silêncio era possível ouvir uma torneira pingando longe. Tanto tempo durou que, quando Saul levou a mão ao cinzeiro, o cigarro era apenas uma longa cinza que ele esmagou sem compreender.

Afastaram-se, então. Raul disse qualquer coisa como eu não tenho mais ninguém no mundo, e Saul outra coisa qualquer como você tem a mim agora, e para sempre. Usavam palavras grandes — ninguém, mundo, sempre — e apertavam-se as duas mãos ao mesmo tempo, olhando-se nos olhos injetados de fumo e álcool. Embora fosse sexta e não precisassem ir à repartição na manhã seguinte, Saul despediu-se. Caminhou durante horas pelas ruas desertas, cheias apenas de gatos e putas. Em casa; acariciou Carlos Gardel até que os dois dormissem. Mas um pouco antes, sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste. Pensou em ligar para Raul, mas não tinha fichas e era muito tarde.

Depois, chegou o Natal, o Ano-Novo que passaram juntos, recusando convites dos colegas de repartição. Raul deu a Saul uma reprodução do Nascimento de Vênus, que ele colocou na parede exatamente onde estivera o quarto de Van Gogh. Saul deu a Raul um disco chamado Os Grandes Sucessos de Dalva de Oliveira. O que mais ouviram foi Nossas Vidas, prestando atenção no pedacinho que dizia até nossos beijos parecem beijos de quem nunca amou.

Foi na noite de trinta e um, aberta a champanhe na quitinete de Raul, que Saul ergueu a taça e brindou à nossa amizade que nunca nunca vai terminar. Beberam até quase cair. Na hora de deitar, trocando a roupa no banheiro, muito bêbado, Saul falou que ia dormir nu. Raul olhou para ele e disse você tem um corpo bonito. Você também, disse Saul, e baixou os olhos. Deitaram ambos nus, um na cama atrás do guarda-roupa, outro no sofá. Quase a noite inteira, um conseguia ver a brasa acesa do cigarro do outro, furando o escuro feito um demônio de olhos incendiados. Pela manhã, Saul foi embora sem se despedir para que Raul não percebesse suas fundas olheiras.

Quando janeiro começou, quase na época de tirarem férias — e tinham planejado, juntos, quem sabe Parati, Ouro Preto, Porto Seguro — ficaram surpresos naquela manhã em que o chefe de seção os chamou, perto do meio-dia. Fazia muito calor. Suarento, o chefe foi direto ao assunto. Tinha recebido algumas cartas anônimas. Recusou-se a mostrá-las. Pálidos, ouviram expressões como "relação anormal e ostensiva", "desavergonhada aberração", "comportamento doentio", "psicologia deformada", sempre assinadas por Um Atento Guardião da Moral. Saul baixou os olhos desmaiados, mas Raul colocou-se em pé. Parecia muito alto quando, com uma das mãos apoiadas no ombro do amigo e a outra erguendo-se atrevida no ar, conseguiu ainda dizer a palavra nunca, antes que o chefe, entre coisas como a-reputação-de-nossa-firma, declarasse frio: os senhores estão despedidos.

Esvaziaram lentamente cada um a sua gaveta, a sala deserta na hora do almoço, sem se olharem nos olhos. O sol de verão escaldava o tampo de metal das mesas. Raul guardou no grande envelope pardo um par de olhos enormes, sem íris nem pupilas, presente de Saul, que guardou no seu grande envelope pardo, com algumas manchas de café, a letra de Tú Me Acostumbraste, escrita à mão por Raul numa tarde qualquer de agosto. Desceram juntos pelo elevador, em silêncio.

Mas quando saíram pela porta daquele prédio grande e antigo, parecido com uma clínica ou uma penitenciária, vistos de cima pelos colegas todos postos na janela, a camisa branca de um, a azul do outro, estavam ainda mais altos e mais altivos. Demoraram alguns minutos na frente do edifício. Depois apanharam o mesmo táxi, Raul abrindo a porta para que Saul entrasse. Ai-ai, alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina.

Pelas tardes poeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia a gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens no céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.

Caio Fernando Abreu.

Chovia, chovia, chovia..

Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só levava uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia pelo meio da chuva, uma garrafa de conhaque na mão e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse um táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força então que seria melhor chegar molhado da chuva, porque aí beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade entrando pelo pano das roupas, pela sola fina esburacada dos sapatos, e fumaríamos beberíamos sem medidas, haveria música, sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos. Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio, o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas das mãos e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pêlos, eu enfiava as mãos avermelhadas no fundo dos bolsos e ia indo, eu ia indo e pulando as poças d'água com as pernas geladas. Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrisse, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, encharcado naquela chuva toda que caía, caía, caía e tive vontade de voltar para algum lugar seco e quente, se houvesse, e não lembrava de nenhum, ou parar para sempre ali mesmo naquela esquina cinzenta que eu tentava atravessar sem conseguir, os carros me jogando água e lama ao passar, mas eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele, que me abriria a porta, o sax gemido ao fundo e quem sabe uma lareira, pinhões, vinho quente com cravo e canela, essas coisas do inverno, e mais ainda, eu precisava deter a vontade de voltar atrás ou ficar parado, pois tem um ponto, eu descobria, em que você perde o comando das próprias pernas, não é bem assim, descoberta tortuosa que o frio e a chuva não me deixavam mastigar direito, eu apenas começava a saber que tem um ponto, e eu dividido querendo ver o depois do ponto e também aquele agradável dele me esperando quente e pronto.


Um carro passou mais perto e me molhou inteiro, sairia um rio das minhas roupas se conseguisse torcê-las, então decidi na minha cabeça que depois de abrir a porta ele diria qualquer coisa tipo mas como você está molhado, sem nenhum espanto, porque ele me esperava, ele me chamava, eu só ia indo porque ele me chamava, eu me atrevia, eu ia além daquele ponto de estar parado, agora pelo caminho de árvores sem folhas e a rua interrompida que eu revia daquele jeito estranho de já ter estado lá sem nunca ter, hesitava mas ia indo, no meio da cidade como um invisível fio saindo da cabeça dele até a minha, quem me via assim molhado não via nosso segredo, via apenas um sujeito molhado sem capa nem guarda-chuva, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito. Era a mim que ele chamava, pelo meio da cidade, puxando o fio desde a minha cabeça até a dele, por dentro da chuva, era para mim que ele abriria sua porta, chegando muito perto agora, tão perto que uma quentura me subia para o rosto, como se tivesse bebido o conhaque todo, trocaria minha roupa molhada por outra mais seca e tomaria lentamente minhas mãos entre as suas, acariciando-as devagar para aquecê-las, espantando o roxo da pele fria, começava a escurecer, era cedo ainda, mas ia escurecendo cedo, mais cedo que de costume, e nem era inverno, ele arrumaria uma cama larga com muitos cobertores, e foi então que escorreguei e caí e tudo tão de repente, para proteger a garrafa apertei-a mais contra o peito e ela bateu numa pedra, e além da água da chuva e da lama dos carros a minha roupa agora também estava encharcada de conhaque, como um bêbado, fedendo, não beberíamos então, tentei sorrir, com cuidado, o lábio inferior quase imóvel, escondendo o caco do dente, e pensei na lama que ele limparia terno, porque era a mim que ele chamava, porque era a mim que ele escolhia, porque era para mim e só para mim que ele abriria a sua porta.


Chovia sempre e eu custei para conseguir me levantar daquela poça de lama, chegava num ponto, eu voltava ao ponto, em que era necessário um esforço muito grande, era preciso um esforço muito grande, era preciso um esforço tão terrível que precisei sorrir mais sozinho e inventar mais um pouco, aquecendo meu segredo, e dei alguns passos, mas como se faz? me perguntei, como se faz isso de colocar um pé após o outro, equilibrando a cabeça sobre os ombros, mantendo ereta a coluna vertebral, desaprendia, não era quase nada, eu mantido apenas por aquele fio invisível ligado à minha cabeça, agora tão próximo que se quisesse eu poderia imaginar alguma coisa como um zumbido eletrônico saindo da cabeça dele até chegar na minha, mas como se faz? eu reaprendia e inventava sempre, sempre em direção a ele, para chegar inteiro, os pedaços de mim todos misturados que ele disporia sem pressa, como quem brinca com um quebra-cabeça para formar que castelo, que bosque, que verme ou deus, eu não sabia, mas ia indo pela chuva porque esse era meu único sentido, meu único destino: bater naquela porta escura onde eu batia agora. E bati, e bati outra vez, e tornei a bater, e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar, eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube, se é que ele o teve um dia, talvez eu tivesse febre, tudo ficara muito confuso, idéias misturadas, tremores, água de chuva e lama e conhaque batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade, eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, batendo, na mesma porta que não abre nunca.

Caio Fernando Abreu.

Além do ponto.

Eu sinto falta sabe.
Sinto saudade de quando ele matou aula pra vir aqui me trazer uma bolsa de chocolate e um bonsai, matando aula pra me dar o presente de um mês de namoro. Saudade de quando ele vinha aqui de madrugada e a gente passava a noite abraçados em um colchão pouco espaçoso da minha cama de solteiro, de quando ele veio me trazer esfiha no meio da madrugada pq eu tava cheia de fome, e de quando eu me desesperei aquela noite quando eu encuquei de verdade pq eu sabia que estava grávida pq já tinha atrasado mais uma semana ainda, e ele se desesperou, e mesmo assim ele me fez parar de fumar(mesmo que eu ainda queira voltar a fumar, e insistencia dele e de todo mundo para eu não voltar com isso), e teve forças pra fazer eu me sentir melhor e tudo mais, e de quando ele parava e ficava me olhando com aqueles olhos cheios de brilho de menino, enquanto os meus são tão opacos e amargos, violentos e nem um pouco amistosos, e daquele sorriso engraçadinho que ele deu no dia que a gente ficou deitado naquela rampa em são francisco olhando pro céu e escutando linkin park, sinto falta do dia que eu sentei no vaso sanitário e esperei ele tomar banho praeu poder ir dormir com ele, e não antes, no dia do show do Dir en grey. E foi realmente engraçado e emocionante aquele dia. E foram engraçados e emocionantes tantos outros dias que eu mal posso lembrar de todos eles sem parar pra analizar bem..
De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida.
E essa droga de tempo difícil que a gente tem passado juntos (ou não), e eu queria tanto um abraço quente e apertado dele agora pra me aquecer, já que essa chuva toda fez o tempo esfriar tanto que eu mal consigo levantar pra colocar um casaco e fazer um café.. E toda essa minha amargura e brutalidade que talvez esteja o afastando de alguma maneira, que é uma coisa que eu não quero, uma coisa que não vai em fazer bem.. e foda-se que eu sou egoísta pra caralho, que eu não penso nos outros, hoje eu só consegui aturar o dia pq eu encontrei Patrícia, e passamos o dia juntas. E mesmo assim ,agora que ela foi embora, está difícil e eu não sei lidar com a solidão. E ontem foi um dia horrivel no sofá, quando eu fui dormir, e eu chorava pq eu não conseguia andar pq minha perna estava presa por causa do quadril e a queda, e Júlia estava lá pra me ajudar, e isso me fez chorar mais ainda pq eu sei que ela não é assim, e não ajuda qualquer um e o gênio dela é horrivel.. então ela me viu ali sofrendo e chorando que nem um bicho selvagem machucado e veio me ajudar e a isso eu sou muito grata, pq eu sinto falta de pequenos atos como esse, e mesmo que pequenos, eles fazem a diferença. Ontem, por exemplo, se ela não fizesse aquilo, eu provavelmente acordaria com a cara inchada hoje e choraria mais um dia inteirinho e não sairia de casa e ã ocomeria nada e isso ia me fazer um mal horrivel, e consequentemente um mal horrível ao meu filho.. e bem, isso acaba comigo, esse tip ode pensamento, esse tipo de coisa presa na minha cabeça. Acho que não deveria estar acontecendo, mas como está, eu tenho que aguentar. Né?

domingo, 10 de janeiro de 2010

Alê diz:

*a próxima vez que eu estiver com gases, vou lembrar de ti [APOSTO QUE NINGUÉM DISSE ALGO TÃO ROMÂNTICO ASSIM PARA VOCÊ ANTES!]

O meu amor cheio de defeitos.

Rapaz, eu hoje acordei num humor filho da puta, é claro.

-
Tá ok, ontem passei a merda do dia inteiro sem luz. Um primor.
Daí hoje eu fui dormir tarde pra caraleo e Às 6h da manhã os gatos infelizes ABRIRAM A GELADEIRA [não perguntem como] e estavam comendo o FRANGO QUE MINHA AVÓ NEURÓTICA DE GUERRA deixou pra fazer hoje no almoço no tapete da cozinha. Nota: ela costuma acordar nesse horário. Conclusão, se eu não tivesse catado o frango, lavado, tirado do saco rasgado e colocado de volta na geladeira: bye-bye gatos. Mas whatever, acabou que só fui dormir 10h da manhã e minha mãe me acordou às 13h da tarde, e então não consegui mais dormir. Legalzão (y'

Respostagem do fotolog, of course.
Mas daí eu não sei oq, nem pq, nem em qual momento, o meu humor melhorou consideravelmente xD
Afinal, a vida é boa né? Eu acho que segunda vou pegar uma praia.

Mas bem, tenham um bom domingo ;3
_____________

Ah!! Esse é meu filhote, gente *-*
Não é lindo? Na foto ele tá de costas e tal, e aqueles pontilhadinhos brancos são a coluan vertebral dele, e o tracinho branco, é o ossinho do braço esquerdo.
Espero que tenham conseguido sacar e tal.. eu achei que não fosse ver nada e tal, mas eu vi logo de cara *-* E eu estou agora tão feliz por isso que eu não imagino como isso pode caber dentro de mim huahhauhau' é o meu filho, e só meu *-* minha criança, que eu mesma gerei *-*
Meu próprio borracho xDDDD~
Eu estou acostumando ele a vida sanguinolenta do mundo real fora do útero jogando Diablo -QQQQ AUIEHOIEHEAIOUHEAOIAEHIU', brincadeira; mas é bem exatamente a unica coisa que eu tenho feito né? --' enfim hsahsau'
Mas então, divirtam-se tentando desvendar meu pobre borrachinho macho.
Eu sei que ele é a coisinah mais linda que vocês já viram em toda a vida de vocês *-*~~~ *mãe babona tosca*.