sábado, 21 de setembro de 2013

Você não faz ideia do quanto que eu lutei para ficar com você. Você não tem noção de quantas pessoas eu deixei de lado pra poder te dar toda a atenção que o seu ego de moleque sempre implorou. Nunca te contei sobre as noites em que a porra do mundo caía sob minha cabeça por sua culpa. Nunca te disse sobre as desculpas intermináveis que eu inventei para minhas amigas - agora eu vejo, você continua o mesmo de sempre. Foi idiotice pensar que você mudaria. Eu chorei por você todas as noites e você nunca soube. Chorei quando você me ligou cinco da manhã pedindo pra voltar, chorei quando você disse todas aquelas metáforas estúpidas sobre como estava sentindo a minha falta e chorei mais ainda quando eu sussurrei que tudo bem, vamos lá tentar mais uma vez. Eu deveria ter dito não. Eu nunca te deixei saber sobre como eu me sentia em relação as coisas que a gente fazia no seu quarto. Sobre as mentiras que eu contei para os meus pais, como eu fiz todo mundo se passar por idiota. Por sua causa. Aliás, eu engoli tanta coisa por sua culpa. “Ele deve ter tido um dia cansativo. Tudo bem, ele é ocupado. Amanhã ele vai ligar. Está tudo legal.” Não estava tudo bem. Quantas desculpas eu mesma inventei pra encobrir as suas falhas? Eu perdi as contas de todas as vezes em que você descontou em mim as suas frustrações do trabalho, ou da faculdade. E eu aceitei tudo isso porque gostar de você foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida. Isso é patético, eu sei. Eu nunca te contei sobre as vezes em que eu voltei da sua casa querendo gritar para cada indivíduo do mundo sobre como eu estava feliz com você. Nunca te disse das vezes em que eu sentei na minha cama contando os minutos para você chegar da academia e me ligar para desejar boa noite. Eu sempre dormi melhor depois de ouvir a sua voz. Eu nunca te deixei saber sobre como eu me sentia quando você segurava a minha mão - como se eu estivesse com o planeta inteiro ao meu alcance. Não te contei sobre as conversas que eu tive com os meus pais sobre você. Eles nunca curtiram a sua tatuagem e o jeito que você levava a vida, mas ainda assim aceitaram, porque eu garanti que dessa vez a gente faria dar certo. Você tem noção de como eu estou me sentindo ridícula agora? Nunca te falei sobre o meu medo de soar infantil e idiota perto dos seus amigos, e eu juro, aprendi a gostar de todos eles. Eu nunca te contei sobre todas as discussões que eu tive com as minhas melhores amigas. Diálogos imensos e cansativos sobre como nós dois somos de mundos diferentes e que eu era mulher demais pra aguentar as suas infantilidades. Elas nunca entenderam o homem maravilhoso que você se tornava quando estava comigo e eu nunca fiz muita questão de explicar. Eu nunca te disse nada disso. A gente pensou que tinha tempo. Que daria certo. A gente confiou no destino como se ele fosse salvar o protótipo de relação que nós tínhamos. Nós nos tornamos dois idiotas tentando resgatar algo que se perdeu há um ano atrás. Você não vai me pedir em casamento no meio da sua formatura, nós não vamos casar ao ar livre, não vamos ter três filhos de olhos claros e você não vai ser o melhor amigo do meu pai como a gente prometeu. Tudo isso não passou de planos aleatórios que não possuem mais a mínima chance de se tornarem realidade. A gente tentou fazer dar certo e ninguém pode negar, mas não deu. A história se repetiu, exatamente como prometemos que não seria. A diferença é que agora quem abre mão sou eu.” — Germana K.