domingo, 29 de novembro de 2015

In between

Eu fico triste com a fragilidade que uma conexão entre duas pessoas pode vir a ter.
Em um momento, tudo é bonito e tudo são flores e promessas, abraços, momentos compartilhados. É uma fragilidade tão grande que a alteração mais breve arrebata as coisas de um jeito tão voraz e assustador, e é difícil. Eu não consigo compreender. E essa minha falta de compreensão não questiona o motivo, o que me falta entender é como um laço que parece tão firme e bem feito se desfaz assim mundanamente.
Os laços se renovam e o ciclo segue, a roda gira, e a gente continua a viver. Né?

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Quando os véus se esgarçaram.

E naquela que era a manhã entre os tempos, Ela sorriu vagarosamente. Ela já havia feito tudo isso muitas vezes e agora era hora de recomeçar. Era assim que Ela se sentia a cada giro da Roda, que, inexorável, prosseguia em sua dança infinita e indiferente a todos. Ela se debruçou no parapeito da janela e enxergou ao longe a poeira de um tropel de cavalos. Ah, novidades, já não era sem tempo! Arrumou caprichosamente os bastos cabelos loiros, que já se entremeavam de branco, o que os fazia brilhar ainda mais. Ela olhou suas mãos, as manchas da idade surgindo, as veias azulando e contando no tempo as marchas de suas muitas vidas. ” – E qual mulher não as tem – tanto as manchas, quanto as muitas vidas?” Esse pensamento a fez sorrir, em amor e sabedoria, era isso o segredo de todos os ciclos: aprender as lições, mesmo as mais amargas, com alegria e uma certa sisudez, um misto de fingida indiferença, um toque de cinismo, que vê o efêmero se apagar com humor ao invés de gemidos. Ela correu pelas escadas, esquecendo que já não era jovem. Correu ao encontro daquela que descia de seu cavalo branco e magnífico: “Saudações minha Mãe!” disse a pequena preciosa que galopara tanto tempo que as faces mostravam o cansaço acumulado. O rosado de sua tez fazia lembrar as rosas de Litha, enquanto o castanho dourado de seus olhos trazia as lembranças das folhas de Mabon. “Mãe, onde Ele está?” – ela olhava em volta, impaciente e temerosa de que tivesse chegado muito tarde. Ela sorriu, mas era um sorriso triste. “Venha criança.” E a Senhora a conduziu a um pátio interno onde a luz filtrada pela tarde que caia sabia doce, e canções de pássaros e aromas mil lembravam a distante primavera. Como aquele nicho de calor e aconchego podia existir e preservar, milagrosamente, os tempos de calor, ninguém poderia explicar. Só a Senhora e seu poder de Mistério e preservação poderiam consegui-lo, mas havia um limite para tudo. Se se olhassem bem as rosas, se perceberiam as folhas já corroídas pelo vento gelado, os pássaros migravam a cada dia para lugares mais quentes, os animais fugiam para começar a hibernar, tudo falava da morte do Sol. Mas nada poderia falar mais sobre a morte do Sol do que vê-Lo, agonizante. Embora pálido, Ele não parecia sofrer. Se entregara sabiamente a seu próprio destino e um brilho de ânimo passou como um lampejo por seus olhos: “Olá, minha Criança adorada! Olá, Filha do Sol!” Ele estendeu a mão em uma carícia suave e a jovem conheceu todo o amor que o Pai nutria por Ela. Ele começou: “Minha filha, esta é uma despedida, e embora nunca deixe de ser difícil, nem de ser triste, eu digo – alegre-se, pois é tempo de comemorar a Vida que é sempre a mesma, a alegria que nunca se esvai e que me acompanha até mesmo na volta ao ventre Dela.” Ele estendeu a mão para o ventre grávido da Senhora e o acariciou também. “Quando amanhã as flautas tocarem seus lamentos e minha alma subir acompanhando o vôo do primeiro pássaro que a pegar, quando ele deixá- la cair na terra, como semente, eu brotarei. E serei de novo o Jovem Que Espalha o Pólen, O Homem Verde, aquele que é o Senhor de todas as coisas que crescem. E correrei novamente na Grande Caçada com os gamos, como está escrito no ciclo de todos os tempos, onde o Universo não acaba e a alma de tudo o que há se cria e recria a cada centelha de tempo.” Ela só pensou, não formulou a pergunta. Pensava ;”Pai, que inutilidade! Tudo nasce,cresce, morre, a despedida é tão triste e tudo volta. Será que isso nunca termina, vc não contesta isso? Vc não deseja que acabe?” Mas Ele, já tão perto do desfazimento do Grande Útero Dela, ouviu cada pensamento e respondeu, suave como o acariciar de uma pluma. “Ah filha, a cada ciclo, é Ela que manda ” e apontou a Mãe. A menina voltou os olhos para Ela por um momento em fúria muda. Ela, que já conhecia aquela reação, sorriu, docemente. Estendeu as mãos para a filha, que se aninhou e disse: “Pequena criança, a lição dos ciclos é, em verdade, a única lição da natureza. Nela residem o milagre da multiplicação, a benção do crescimento, as colheitas de tudo, o frutificar constante e a foice que nunca cessa. Inútil? Mas, meu amor, tudo o que eu faço é por Você!” A jovem voltou para Ela seus olhos espantados: ” Como assim, você precisa matá-lo por mim???” A Senhora prosseguiu:” Sim, pois quando você me pede Luz, eu tenho que produzi-la de um parto de estrelas – e isso explode mundos. Quando você me pede pão, é o corpo Dele que eu ceifo para servir à sua mesa. Quando você me pede água, são minhas entranhas que abro em farto oferecimento que te nutre. A Vida se alimenta da Vida, esta é a singela lição dos ciclos: para que a Roda gire é preciso ceifar, para que a Vida continue, é preciso morrer. Para que as coisas mudem é preciso deixar ir.” E Ela ergueu sua foice de prata, brilhante à luz da Lua que já se erguia. Tocou levemente a fronte do moribundo, que, em instantes, sorria, já no fundo do aconchegante ventre Dela. A Jovem piscava, olhando o corpo que brilhava na cor do Sol poente e se desfazia em líquido dourado, que alimentava a Terra. E a Senhora disse: “Hoje sorria e celebre, hoje cante e rememore, o Pai Caçador se foi e está  oltando”. Pegou a mão Dela e encostou no ventre grávido. Sinta minha Filha, a Vida Dele em minhas entranhas.” Nesse exato instante, a menina se contorceu de dor e o sangue escorreu abundante por suas coxas e pernas e alimentou a terra. E Ela conheceu sua primeira lua de sangue nesse exato instante. A Senhora sorriu e a fez ver que a celebração tinha que ser ainda maior: eram agora irmãs em tudo. E as duas, abraçadas, deixaram o jardim, onde os primeiros flocos de neve caíam e , manchados com o sangue vertido pela Donzela, alimentaram as macieiras. Este é o Dia de Samhain, dia em que as maçãs tem sabor de saudade e de futuro, dia em que a Mãe, que já é a Velha, consola a Donzela, que é Ela mesma. E Elas, Aquelas Cujo Nome Não Pode Ser Dito, unidas pelo amor profundo ao Pai que se foi e retornará Menino de novo, continuam juntas, descansando no escuro, até o amanhecer de um novo tempo do Sol.

Mavesper Cy Ceridwen

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Disintegration

So its all come back round to breaking apart - AGAIN
Breaking apart like i'm made of glass - AGAIN
Making it up behing my back - AGAIN
Holding my breath for the fear of sleep - AGAIN
Holding it up behind my head - AGAIN
Cut in deep to the heart of the bone - AGAIN
ROUND AND ROUND AND ROUND
And it's coming apart AGAIN
OVER AND OVER AND OVER
NOW THAT I KNOW THAT I'M BREAKING TO PIECES I'LL PULL OUT MY HEART I'LL FEED IT TO ANYONE - CRYING FOR SYMPATHY, CROCODILES CRY FOR THE LOVE OF THE CROWD AND THE THREE CHEERS FROM AVERYONE - Dropping through the sky through the glass of your roof, through the roof of your mouth, through the mouth of your eye, through the eye of your needle

It's easier for me to get closer to heaven
Than ever feel whole again

terça-feira, 3 de novembro de 2015

And I will stay up through the night
Yeah, let's be clear, won't close my eyes
And I know that I can survive
I'll walk through fire to save my life
And I want it, I want my life so bad
I'm doing everything I can
Then another one bites the dust

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Posso dizer que sinto falta dele, mas prefiro vê-lo pelas costas, e isso é real. Eu guardo rancor. Mas é saudável, acredito. É impossivel não guardar algum tipo de ressentimento quando tudo que você fez foi estender a sua mão inúmeras vezes, enquanto a pessoa te recebia com sorrisos teatrais, palavras mornas, stone cold beijos. O tempo passa, o vento passa e leva tudo daí fica só a borrinha amarga e gelada do café no fim da caneca. E é engraçado como passa voando, mesmo que demore, você esquece aos pouquinhos aquele sentimento de barriga quentinha e aquela loucura de borboletas, de se deitar na cama e se sentir segura de que o dia seguinte ia ser bonito e brilhante mesmo nos dias nublados. E passa, sabe? Parece triste pra cacete falando assim desse jeito hahaha mas eu não acho. Eu só acho que sei lá, eventuamente dificuldades passam, coisas boas também, daí ficam as lembranças gostosas, assombrosas, as coisas doidas que te faziam rir descontroladamente. Essas lembranças me deixam de coração quentinho ao mesmo tempo que me lembram que o tempo tá passando traiçoeiramente, rápido o bastante pra você se arrepiar de angustia, e lento o bastante pra você remoer tudo o que tá going through. E é tão difícil, sabe? Mas caralho, viver é tão fácil. Você respira, você come, faz suas necessidades fisiológicas, lida com suas merdas mundanas, e o dia seguinte tá ali esperando você de braços abertos sempre. E cara, vai saber também se eram abraços falsos, vai que eram reais e de repente o sentimento fugiu pelos dedos da pessoa. Acontece mesmo, e tão rápido que a gente não vê. Tinha o outro que não queria estar ali e estava. Que beijava por se forçar a isso. E isso era tão recíproco e tangivel que ambos sabiam que não era pra ser. E o egoísta. Teve esse também. E daí tem, é, tem você.
Eu não quero estragar what tha feck is happening, mas minha cabeça grita IT IS SO WRONG o tempo todo. E aí IT IS NOT GOING ON. E daí REMEMBER EVERYTHING. Me deixa tão desesperançosa, e tão profundamente magoada que as vezes é difícil de te ver ali, até. De falar com você. De saber que você tá ali e não tá. Eu perco as palavras, eu perco as coisas, perco tudo e eu tenho medo que tudo vá embora como foi com o outro, com os outros. Soa a desespero. E não é. Não é bem por aí, acho que eu consegui atingir um ponto de estabilidade a respeito desses assuntos. É difícil mas passa, as coisas passam e deixam esse vácuo estranho né? A gente perdido no vazio que não é vazio e seguindo em frente.