sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

aaaaa

Nessa foto eu tenho o que eu considerava meus três bebês felinos, filhos mesmo, junto de Gabriel que tava recém recuperando da pneumonia que ele teve em 2019. Eu tirei essa foto num momento bem feliz pq ele tinha finalmente voltado pra casa e os três tavam com saudades dele e finalmente os três se deram bem por um dia e ficaram na cama por um motivo em comum.
O meu objetivo com essa postagem, além de me lembrar desse momento feliz, é lembrar também que dois deles foram embora ano passado e eu queria falar um pouquinho sobre eles, pq eu acho que se eu não falar sobre eles eu posso acabar explodindo, e eu prefiro falar bastante pra daqui a uns anos ou décadas eu lembrar de como era forte meu amor por esses bebês e o quanto tudo isso me afetou.
Yang era o meu parceiro pra todas as horas, quando ele se foi eu senti uma solidão tão imensa que eu ainda sinto até hoje. Era o gato que dormia todas as noites comigo, que me acompanhava nas horas de tristeza e felicidade. Eu olhava sempre nos olhos dele e sabia que as coisas ficariam bem eventualmente, ele também me olhava com um quê de que sabia o que eu tava passando e por isso ele vinha me dar suporte. Pra algumas pessoas isso pode até parecer maluquice de repente mas gato tem disso, eu sei que eles sentem o que a gente passa, assim como quando a gente convive muito com eles a gente sabe ler a linguagem deles também e as coisas ficam mais fáceis de se passar pq rola essa conversa sem palavras né, as vezes era muito o que eu precisava. Acho que não as vezes, quase sempre. Ele tinha um miado muito único quando me chamava, e mesmo que ele já tenha ido a algum tempo, é um miado inesquecível pra mim, foram quase 13 anos convivendo, e é um miado que eu sinto muita falta hoje em dia. Quando ele se foi eu perdi o meu chão, perdi um pedaço de mim e foi horrível. Não foi de repente, não aconteceu sem dar sinais, ele já era um gato renal a um tempo bem curtinho mas nós sabíamos as consequências que isso podia trazer tanto pro bem estar dele quanto ao tempinho de vida dele que poderia ser reduzido ou não, pq a gente tinha bastante esperança e de fato ele deu uma melhorada BOA antes de ir. Mas acabou indo. Partiu o coração de cada membro da nossa família e de nossos amigos e conhecidos que o conheceram também pq ele era esse gato que distribuía amor para quem quer que fosse.
Lori foi diferente pq eu lutei pela vida dele desde o minuto que eu o encontrei. Mamãe passou por um processo bem parecido quando encontrou Yang e os irmãos dele numa caixinha no meio da chuva. Quem conheceu ele sabe que ele teve um início de vida muito difícil, eu o encontrei com duas semanas de vida com uma pata cortada, por gente mesmo. Cheio de larva e ovo de mosca num dia quente pra caralho e o que o salvou foi que ele tinha um gogó de aço e eu consegui encontrar antes que as larvas fizessem um estrago maior nele. Consegui limpar ele de tudo com muito custo e muita dor no coração pq ele era tão bebê e ele gritava tanto.... Passou um dia inteiro dormindo depois disso. A gente dava leite na mamadeira pra ele, trocava curativo todos os dias e eventualmente ele foi crescendo e se adaptando a uma vida sem patinha. Todos os dias eu procurava por ele antes de dormir pra botar ele dentro do meu quarto e saber que ele tava seguro, mas então começaram a nascer gatinhos filhotes aqui em casa e ele detestava, era ciumentissimo e bem violento perto de gatos novos, ele não agredia e nem nada assim, só não gostava deles e ai de quem (humano) estivesse por perto quando ele descobrisse filhote novo na casa. Ele foi muito mimado por mim, acho que o único da casa que foi mimado demais por mim, e isso deixou ele com um temperamento péssimo mas mesmo assim ele ainda era um neném com a gente. Não podia ver o colo dando mole que ele subia pra mamar na própria patinha no colo de quem quer que fosse. Ele eu perdi muito rápido e sem perceber. Numa noite que ele não foi encontrado, nós deixamos pra procurar na manhã seguinte por ele, e descobrimos que ele tinha fugido pra rua e cachorros tinham atacado ele. Já o encontramos sem vida. Na hora eu acho que não bateu muito bem o que tinha acontecido e talvez eu tivesse até esperanças de que não fosse ele (o estado estava péssimo, quase que irreconhecível), mas o tempo foi passando e eu tinha flashbacks e uma culpa tão grande de não ter ido procurar por ele mais cedo, eu fiquei um lixo. Ele se foi no dia 5 de dezembro e no dia 5 de janeiro parecia que a morte dele tinha acontecido no dia anterior e não um mês antes, agora que o dia cinco de fevereiro tá chegando, parece que foi a quase uma semana atrás. As vezes eu me pergunto ainda se realmente era ele, mesmo sabendo que era sim. As vezes eu ainda vou na piscina, que era onde ele tinha escolhido pra morar por ter menos trânsito de gatos, e acho que vou encontrar ele lá deitadinho, ou que vou estar ali na cozinha e ele vai virar a esquina da varanda me olhando com aqueles olhões de cobra assassina que ele tinha, ou que vou encontrar ele deitado na grama e vou poder deitar de novo em cima dele só pra implicar. Lori, ou larisso, ou Ivar, soluço, Corisco, bebéu, apesar de ter a sede de mil demônios ainda era um bebezinho muito amável e tinha ainda muito o que viver e experiências pra partilhar, por isso a morte dele desceu em mim igual uma marreta e eu tô até agora tentando encontrar o caminho de volta pra normalidade.
Eu sei que isso deve ser muito diferente de se perder um filho, eu não imagino o inferno que deve ser, de verdade, não quero ter que passar por isso nunca e quero que Miguel viva bem mais do que eu pra não ter que passar por isso, mas essas dores que eu tive nesses últimos meses, sonhar com eles, acordar com eles sendo o primeiro pensamento do dia e ir dormir com eles sendo o último pensamento antes de ir dormir é uma barra muito difícil de aguentar. Não tem um dia que passe que eu não pense neles dois e na falta que eles fazem e na dor que ainda sinto. Penso nas boas lembranças também, mas acho que ainda é muito cedo pra ter só as boas atreladas ao pensamento a respeito deles.
E é isso eu acho haha

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